Dor pensar, dor de sentir, dor de ser.
Numa manhã como as outras –complicada, melancólica e
depressiva-, indo de metro para a faculdade, ocorreram-me algumas filosofias de
Fernando Pessoa, principalmente no que toca ao heterónimo que sofria com a sua
consciência, com o facto de intelectualizar e da angústia que isso lhe causava.
Mais do que pensar, a mim magoa-me grande parte do que percepciono, não só
aquilo que cogito, mas aquilo que sinto, que experiencio e vivo. Sofro de dor
de ser , dor de até existir. É um conceito muito abstracto, inclusive é-me
complicado transpor para texto o que não passam de emoções, principalmente
quando o criei num devaneio momentâneo.
A dor é uma sensação
de desconforto, podendo ser física ou psicológica, é uma reacção do corpo
humano para informar o indivíduo de que algo no organismo não se encontra a
funcionar de forma normal ou existe alguma complicação; creio que a dor
psicológica e a dor física andam de mãos dadas. De facto, ambas se sentem,
ambas se fazem notar em diferentes intensidades, conseguem ser resistentes a
tratamentos e podem interagir uma com a outra.
Infelizmente (ou nem tanto assim), durante o curto período
de vida que tive, foi-me dada a conhecer uma vasta panóplia de modelos bem
construídos de dor física e, no entanto, creio que nenhuma é tão agonizante
como o sofrimento emocional. Viver numa constante náusea, com um desejo patente
e inevitável de que a vida possa ser terminada no minuto seguinte, expressa-se
a todos os níveis: a insónia e a os desmaios de sono que podem ter 18 horas de
duração; a alteração do apetite; a vontade de fazer as coisas mais simples do
quotidiano; a incapacidade de disfarçar o humor; as dores de cabeça e no corpo;
a sensação constante de nó na garganta e a de se colapsar a chorar a qualquer
momento. No meio de tudo isto existem várias vítimas, como a família e amigos,
mas a mais afectada é a responsável pelo seu estado e pela sua eventual
recuperação. Viver sufocado e molestado não é viver, é deixar que o tempo nos
leve na esperança que em breve não exista mais “tempo”.
Não sei se queres ou não receber comentários, mas, se não fechaste essa opção, então, talvez não te sejam, de todo, indiferentes, ou tem dias!
ResponderEliminarNão sei o teu nome, ou pseudónimo, caso tivesses um para o teu blogue, tipo, heterónimos de Fernando Pessoa, mas isso pouco importa. És uma pessoa, do sexo feminino, e vives ou és do Porto, portanto, ÉS UMA MULHER DO NORTE.
Espero e não espero que me contactes, mas gostaria muito que o fizesses.
O teu texto, desabafo, realidade, impressiono-me pela dor que as tuas palavras transportam. És universitária, escreves muito bem, e és , também bastante inteligente e sabes do que falas.
Algo te levou a tal estado, não digas que não, porque nada acontece, casualmente.
Não te chames, nem aches louca, porque és daquelas pessoas que não guardam o que sentem, e é melhor assim, digo-te.
QUERO-TE FELIZ! NÃO É DIFÍCIL, PODES CRER. BASTA QUERER, E TU QUERES!
Beijos.
PS; mera indicção: quando deixamos comentário, aqui, temos de fazer verificação de duas palavras enormes e bué esquisitas. Se isso não te incomoda, a mim, também não, porque hei de lá chegar, por tentativas. O teu blogue é bem recente, e talvez nem ligasses a pormenores, dessa ordem. Age, como entenderes, mas esta situação, altera-se, facilmente.
Muito obrigada pelas suas palavras e dicas, sinceramente. Fiquei feliz pelo seu comentário, pelos seus elogios.
EliminarSou, de facto, uma mulher do norte e, embora não me dê a conhecer pelo nome, faço-o através das palavras. Sou feliz, tenho dias. Mas acredito que para se valorizar e saber o que estar preenchido, radiante, é preciso aceitar que temos um lado mais sombrio, não tão alegre, com memórias das vivências que outrora nos corroeram. Enfrentar isso e reconhecer a minha própria dor é um processo de reciclagem emocional que me permite libertar memórias e pensamentos que não quero guardar em mim.
Todos sofremos; uns choram, outros escrevem :)